segunda-feira, 27 de maio de 2013
Sobre não saber o que dizer
Tem dias que a gente acorda, se espreguiça e vai tomar café. Existe um espaço de tempo que pode ser uma eternidade entre o seu universo particular e o que está acontecendo lá fora. A gente entra na internet e, de repente, lá está, uma notícia que pode mudar tudo. Mudar a hora, o dia, a vida, várias vidas.
Quando a gente bate de frente com uma realidade inesperada, sente que os pés balançam sozinhos no infinito. A negação, o choque, tudo traduzido em um único pensamento: não, impossível. É, sim, possível que algumas palavras transformem a maneira de rodar o universo.
- Mas não é justo
- Como isso foi acontecer?
As pessoas se apegam muito a coisas grandes. Aquele carro potente, o último lançamento do iphone, todas as maçãs meio mordidas que se possa pegar. De repente, o conjunto todo se desfaz e não tem mais nada. Só aquela vontade de ligar pra todos que você ama e dizer: eu aprecio a sua vida. Eu aprecio a minha e a de todas as pessoas caminhando comigo na rua. Eu aprecio os raios de sol e as nuvens que os cobrem. E, acima de tudo, todos apreciam o sorriso que entre muitos, se destaca como se escapasse por entre as nuvens.
Ninguém pode prever o que vai acontecer e dificilmente isso seria uma coisa boa. A gente segue em frente, a gente que amou e cuidou, a gente que nunca conheceu, a gente que abraçou só uma vez e guardou o gosto daqueles braços. Nem todo mundo segue, mas a gente sim. E então, enfim, agradecemos. E apreciamos.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Também fui pro Paul
Esse senhor na fila botou no chinelo todas as blusas personalizadas
A
lanchonete do Castelão já esvaziou depois de uma hora e a outra
tinha uma fila aterrorizante. Ruffles nunca pareceu tão bom. Atrás de mim, um cara levantou a
bandeira do Ceará e, do seu lado, quem diria, outro levantou a do
Fortaleza. A do Ferroviário apareceu minutos depois. Não teve
briga, só risadas. Se todo dia no estádio fosse assim, o mundo
seria outro.
Deus abençoe o telão
A espera
foi angustiante, mas cada minuto, gota de suor, centavo e paciência
gastados se evaporaram nos primeiros acordes de “Eight Days a
Week”. Meu pai pulou mais do que eu e vi o estádio inteiro gritar
de uma vez só. Ficar nas cadeiras inferiores dava uma boa distância
do palco, mas era bom pra sentar e não ter ninguém atrapalhando sua
visão. Em “Let it Be”, quando o Castelão levantou seus
celulares, a visão foi linda. Quando jogaram os balões em “Hey
Jude”, foi inexplicável.
No
final, com os pés latejando, o trânsito estava tão caótico que
fez meu taxista se perder o suficiente pra que precisássemos andar
até ele, metros atrás de metros, já com a rua vazia e sem polícia.
Quando finalmente cheguei em casa, 2 horas da manhã, depois de dar
carona pra uma mulher perdida, deitei e instantaneamente senti
saudades de um britânico, sua disposição, o barulho ensurdecedor e
um guitarrista no mínimo gato. Rusty Anderson, também amamos você.
Podia fazer um post inteiro falando música por música, dizer o quanto Paul McCartney é incrível e da emoção que senti, mas acho isso desnecessário. Basta dizer que estive lá e todo mundo que uma vez esteve vai entender. Basta dizer que vi senhores chorando e crianças pulando, um pedido de casamento no palco e ainda pude dividir esse momento com o meu pai e meu irmão. Precisa descrever?
Assinar:
Postagens (Atom)