Esse senhor na fila botou no chinelo todas as blusas personalizadas
A
lanchonete do Castelão já esvaziou depois de uma hora e a outra
tinha uma fila aterrorizante. Ruffles nunca pareceu tão bom. Atrás de mim, um cara levantou a
bandeira do Ceará e, do seu lado, quem diria, outro levantou a do
Fortaleza. A do Ferroviário apareceu minutos depois. Não teve
briga, só risadas. Se todo dia no estádio fosse assim, o mundo
seria outro.
Deus abençoe o telão
A espera
foi angustiante, mas cada minuto, gota de suor, centavo e paciência
gastados se evaporaram nos primeiros acordes de “Eight Days a
Week”. Meu pai pulou mais do que eu e vi o estádio inteiro gritar
de uma vez só. Ficar nas cadeiras inferiores dava uma boa distância
do palco, mas era bom pra sentar e não ter ninguém atrapalhando sua
visão. Em “Let it Be”, quando o Castelão levantou seus
celulares, a visão foi linda. Quando jogaram os balões em “Hey
Jude”, foi inexplicável.
No
final, com os pés latejando, o trânsito estava tão caótico que
fez meu taxista se perder o suficiente pra que precisássemos andar
até ele, metros atrás de metros, já com a rua vazia e sem polícia.
Quando finalmente cheguei em casa, 2 horas da manhã, depois de dar
carona pra uma mulher perdida, deitei e instantaneamente senti
saudades de um britânico, sua disposição, o barulho ensurdecedor e
um guitarrista no mínimo gato. Rusty Anderson, também amamos você.
Podia fazer um post inteiro falando música por música, dizer o quanto Paul McCartney é incrível e da emoção que senti, mas acho isso desnecessário. Basta dizer que estive lá e todo mundo que uma vez esteve vai entender. Basta dizer que vi senhores chorando e crianças pulando, um pedido de casamento no palco e ainda pude dividir esse momento com o meu pai e meu irmão. Precisa descrever?
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