segunda-feira, 22 de abril de 2013

15 anos, 9 meses e 9 dias

Quando eu era pequena, meu filme favorito era Toy Story. Até hoje é. Na hora de escolher um nome pro nosso novo cachorro, eu e meu irmão acertamos em cheio: Woody. Não poderia ter sido melhor.


Lembro do primeiro dia que o vi, uma coisinha minúscula deitada com os irmãozinhos. Depois, quando fomos buscá-lo para finalmente ir pra casa, ele chorou o caminho todo no carro. Quem vê até pensa que depois não amava ficar com a cabeça pra fora da janela, sentindo o vento. Eu era tão pequena na época que hoje não me lembro mais de como é a vida sem ele. Não sei o que é chegar em casa e não tê-lo me esperando, não sei viver sem a rotina de cuidar dele, não sei olhar pros lados e não ver aquela bolinha de pelos deitada no chão.

Nesses quase 16 anos com o Woody aprendi muita coisa. Sei que é clichê, mas os cachorros realmente sabem amar incondicionalmente. Só agora que percebi o quanto é bom ser amada assim. Mesmo estando tão velhinho e cego, cheio de problemas, ele foi guerreiro até o fim e amou a gente com todo o coração. Já tinha parado várias vezes pra pensar em como seria depois que ele morresse, mas não existe preparação para isso. Hoje, quando levamos ele ao veterinário, ele foi no meu colo, igual ele ficava quando era filhote. Hoje, quando acordei, já sabia que seria o último dia com ele, mas mesmo que repetisse isso pra mim mesma mil vezes, não conseguiria me acostumar.



Meu bebê se foi, mas segurei a patinha dele o tempo todo. Sei que ele já estava inconsciente, mas pra mim isso significou muito. Não sabia o que dizer e não consigo colocar esses 15 anos em um só texto, mas posso dizer que o Woody foi o cachorro mais amado e que mais amou no mundo. Sou suspeita pra falar, mas não deixa de ser verdade. Quando ele era filhote, adorava correr atrás de mim. Esse ano, eu que tinha que ajudá-lo a se levantar. Mesmo precisando de ajuda, ele ainda era esperto e nos surpreendia com o jeito dele, continuando um bebê por dentro.

Esses dois dias em que ele esteve mais doente, foram os mais sofridos aqui em casa. O dia inteiro choramos o tempo todo e tivemos que enterrá-lo no quintal. Jogamos flores depois. Agora é um momento de sofrimento, mas nada tira os 15 anos maravilhosos que passamos ao seu lado. Cada minuto valeu a pena e nunca vou me esquecer do meu primeiro cachorro e o quanto ele era especial. Sinto muito a sua falta e o amo ainda mais. A gente te ama infinito. 
Ao infinito e além.




segunda-feira, 15 de abril de 2013

Ser feliz não tem graça

Seria legal se todo mundo pudesse encontrar aquilo que quer, sem empecilhos nem dificuldade. Seria bom, seria fácil. Seria sem graça se toda entrevista de emprego desse resposta positiva, toda prova fosse um 10, todo amor correspondido, toda barra de chocolate revertida em músculos tonificados.

Sem a tristeza não tem alegria. Parece clichê, mas é verdade. Quando eu era pequena, estava na casa de uma amiguinha e ela me confidenciou que gostaria que no mundo só existisse felicidade, que não tivesse fome nem guerras. Na inocência da minha uma década e pouco de vida, discordei. Falei que não teria graça nenhuma em ser feliz sem ser triste, quem é que aguenta sorrir o tempo todo? Cresci. Continuo na mesma.

Me pego pensando nesse assunto de vez em quando e sempre me surpreendo: não seria maravilhoso acabar com todo o sofrimento do mundo? Seria sim. Porém, para nós, pessoas que não sofrem mal maior do que reprovar cadeiras na faculdade, um pouquinho de dor faz bem. Sem se cortar não dá pra ver a pele se refazendo. Sem cair não existe a glória de levantar. Sem chorar um pouquinho, um sorriso não vale nada.

Quem se faz de feliz o tempo todo (o facebook tá aí pra isso), sinto em informar mas não quero ser como você. A minha felicidade é bem melhor e dura bem mais, justamente porque não dura nada. Vivo reclamando pelos cantos de quanto a vida é injusta, mas nada me faz mais feliz do que um sorvete de charlotte em um dia quente. E aqui em Fortaleza todo dia é quente. Todo dia eu posso me fazer feliz, mesmo depois de acabar de comer até a casquinha.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sobre saudades e sorvetes azuis


Tem coisa que deixa uma sensação boa na gente. Dia de chuva, não ter que pegar ônibus, rever um amigo. Tem outras que doem mais que bater o dedo mindinho em uma quina. Calor, molhar o sapato na chuva, dizer adeus a um amigo. 
Alguns amigos dão tchau e não voltam nunca mais. Outros vêm uma vez e aí sim nunca mais. Alguns ainda ligam, mandam mensagem. A maioria se perde, são peixinhos nadando em um mar de coisas possíveis, lembranças perdidas e acenos de mão. De vez em quando você sorri quando pensa em alguém, quando lembra de como era, nostalgia e tristeza embaralhados na correnteza. 
O céu tá bonito lá fora e a chuva já passou. Têm alguns amigos que sempre voltam, não sabem dizer adeus. Saber dizer adeus não é tão difícil quanto se pensa, pior é quando não existe mais nenhum. Enquanto eu puder me despedir, tá tudo bem. Enquanto eu puder tirar um dia pra experimentar sorvete azul com um amigo que volta, tá tudo ótimo.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Muita coragem

Acho que a fase agora é ser muito corajosa. Não, não enfrentei desafios e superei medos ou conquistei batalhas, apenas aceitei uma carona.
Marquei de ir em um bar no sábado com uns amigos, mas claro que não tinha como ir. Liguei pro meu amigo Toim (pois é) e pedi pra ele ir me pegar em casa. Bem, e o que tem de incrível nisso, Thaís? Muito simples, o carro dele é um modelo bem antigo, de 1980 e pouco. Já dá pra escutar ele chegando de longe e pra sair demora pra pegar. Ok, besteira, o importante é ter carro, né? Exato, ninguém liga pra isso. Não faz diferença o freio de mão estar quebrado ou não ter cinto no banco de trás. Aliás, quando fui na frente, ele disse: "toma aqui a metade do seu cinto". É daqueles que você conecta a parte de cima com a de baixo em vez de puxar.

O possante do Toim

Claro que Toim passou a noite bebendo cerveja sem álcool porque nossas vidas dependiam dele. Depois ainda saímos pra comer cachorro quente em uma daquelas barraquinhas de madrugada e paramos em um posto de gasolina pra comprar cachaça e beber na casa de uma amiga. 6 e meia da manhã, finalmente cheguei em casa. Ufa.

 O começo da aventura